Meu reencontro

Cristiane mora em Shiga há 14 anos, mais de metade de sua vida. Segundo a mesma: aqui é o meu lar, me sinto em casa. Pois foi isso que senti, há 4 anos atrás, quando voltei do Brasil para Gifu. Em abril serão no total nove anos, 5+4 (belo matemático).

Lembro de um provérbio ciganoque gosto muito: ¨A terra é minha pátria, o céu o meu teto e a liberdade minha religião¨. Como num paradoxo, destes que tumultuam minha cabeça, penso ser livre aqui.

Como alguém pode se sentir livre ¨aqui¨? Aqui já te prende a alguma coisa, te rouba alguma liberdade, te pune com o enraizamento. Não são as amizades que me prendem, meus melhores amigos moram em lugares distantes. Poderia ser o belo convívio com a vizinhaça, adoro dar bom dia ¨Ohayougozaimasu!¨ e receber o mesmo numa troca de cordialidade e amabilidade que me faz acreditar que não estou sozinho neste mundo, todos gostam. Mas não é.

Amor, vivi grandes amores nesta terra. Minha mãe, minha ex-mulher(pena que era vidro e se acabou) e minhas duas filhas. Quatro mulheres, quatro amores. As habitualidades de cada uma ficaram gravadas na minha mente como coisas agradáveis a se fazer, e essa endorfina da alma me aprisiona a este lugar no meio do quase nada, pois nem o nada é tão nada quanto aqui.

Por dinheiro não mudo. Mas mudo... para um outro quase nada ou quase tudo.

Foto feita em Minokamo-shi. Atrás das montanhas que me protegem, Nagoya.